sexta-feira, 12 de março de 2010

Silenciosamente

Quantas palavras gostaria de dizer, quantas coisas gostaria de fazer, há aquelas sensações que não queria ter e sentimentos que me fazem temer.
Esse silêncio que grita dentro de mim, dilacera as entranhas do meu ser, transformando-me, fazendo-me diferente. Ah! Estou mudando de forma tão brusca que chega a doer, um novo eu implora silenciosamente para sair, mas igualmente mudo, esse que aqui  está, reluta em se deixar rasgar, em se permitir partir.
Você precisa ir, teimo em dizer incessantemente... Vá e leve consigo o que já não me faz bem e o que agora me faz tão mal, precisa me deixar, eu quero me soltar.
Há quanto não sinto a liberdade do vento no cabelo? Aquele que toca a face tão suave e delicadamente que mais parece uma doce carícia de mãe. Há quanto não dou uma gargalhada barulhenta por algo banal ou choro com um filme triste?
Vai! Silenciosamente... Deixe-me ressurgir... Reviver não!!! Apenas viver, não novamente, mas unicamente.
Sinto que gritar já não adianta, por isso deixo o silêncio falar por mim...

A Pedrinha

Não chore pequena... Não deixe essas lágrimas tão amargas esconderem seus lindos olhos e encobrirem seu singelo sorriso.
Não permita que seu brilho se apague e essa tristeza te afogue, vai passar pequena, acredite em mim...
Eu já menti pra você?
Eu sei, eu sei, está machucando, mas você pode aguentar, se não puder me dê a sua mão e eu ajudo-te a continuar. Agora venha e sente aqui ao meu lado, que vou lhe contar uma história:

Duas amiguinhas conversavam na frente de uma pequena casinha, uma delas chorava por ter magoado um de seus melhores amigos, a outra coitada, em vão tentava consolá-la , quando de repente, o amigo que fora magoado apareceu diante das duas e levou a que chorava para um passeio, andaram durante um tempo e pararam diante de um longo e calmo lago, então o garotinho sentou-se, convidando a amiga a fazer o mesmo e ele disse:
- Vê este lago a nossa frente? Calmo e tranquilo...
A menina fitou o lago sem entender. Ele então, pegou uma pequena pedra e a atirou no lago, a pedrinha quicou por três vezes agitando a água, depois afundou lentamente, deixando-o voltar a sua tranquilidade habitual.
A menina olhou-o sem ainda entender. O menininho então explicou:
- As vezes somos magoados por alguém ou por algo que nos acontce e ficamos "agitados", com raiva, tristes, mas é só esperar durante um tempo, as vezes pouco, outras vezes mais, mas esperar, que vai passar, porém nos tornaremos diferentes após isso, mesmo que pareçamos os mesmos, teremos mudado com essa nova experiência. Na maioria das vezes ou mesmo nunca, conseguimos evitar que isso aconteça.
Assim foi com o lago, a pedra caiu sobre ele e o agitou. Mesmo que depois ele pareça igualzinho, a pedrinha continua lá e mesmo que bem no fundo, algo dentro dele se modificou.
Depois, singelamente ele a abraçou e perdoou a amiga, que a essa altura sorria por ter de volta seu amiguinho.

Sabe pequena, essa dorzinha que você está sentindo tão aguda a lhe incomodar, é a pedrinha ainda quicando, mas vai passar e ela vai afundar aí e modificará algo dentro de você assim como fez com o lago, para que quando passar, você saiba lidar cada vez melhor com as outras pedras que inevitavelmente, um dia ainda cairão aí...

terça-feira, 2 de março de 2010

Existem alguns alguéns que são indispensáveis...

Indispensável quer dizer que não é dispensável, ou seja nunca poderá ser dispensável, não importam as mudanças,o futuro, um dia sentiu-se que algo era indispensável e isso o tornou eternamente necessário, por tudo que fez sentir não é possivel um dia ser passível de ser descartado ou algo assim...
Independente de qualquer coisa, algo ou alguém indispensável o é naturalmente, não se pode forçar ser ou fingir que é, nem mesmo querer que seja ou mesmo que não seja, simplesmente é.
Sentir-se não tão mais importante, talvez até mesmo substituível, dói de uma forma estranha, parece até egoísmo, querer ser essencial, mas não é exatamente isso, é simplemente temer ser esquecido, deixado, abandonado...
E descartar? Mesmo que sem querer, fazer alguém sentir que já não pode mais ajudar ou ser útil, que você já pode ser feliz sozinho, tal qual um pássaro que no início necessita totalmente de alguém, mas quando aprende a voar... se vai, ser feliz só ou com outros passáros. E quem esteve sempre ali, como se sentirá esse alguém? Saberá contentar-se em um dia ter ajudado, ou sofrerá não ter podido ir junto? Desejará eternamente ter de volta aquela companhia ou apenas contentar-se-a em saber que sua ajuda foi essencial?
Chegará o momento em que dirá: "Sabe aquele momento em que você sente que não  é mais necessário na vida de alguém e mesmo assim fica feliz por ter ajudado de algum jeito?", ou não dirá nada, por medo de realmente não ser mais necessário?
É, tanto descartar como ser descartado dói, machuca muitas vezes de forma sutil, mas não menos cortante... Porém os indispensáveis jamais se vão, por mais que queiram ir ou que sejam mandados embora, nunca vão, não por insitência ou imprudência, mas terei que repetir que indispensáveis fogem a nossa vontade? Não dependem deles ou de nós, só são...
As vezes tem-se a impressão que o indispensável é mutável, dependendo dos valores ou sentimentos que se tem, o que não é verdade, é algo como a essência, está ali e embora muitos acreditem na sua mutabilidade, ela é sempre a mesma...
Felizes os que são e tem consigo indispensáveis, são poucos, as vezes nem todos considerados merecedores de tal dádiva, entretanto não tem-se o poder de escolher, simplesmente veem-se presenteados. Por isso volto a dizer, indispensáveis jamais serão dispensáveis e digo-vos mais, cuidem sempre muito bem deles, eles nunca se vão, mas precisam sentir-se sempre insubistituíveis, para que não sintam-se desnecessários e quanto não sofreríamos nós, sem a doce e primordial companhia desses tão essenciais amigos?
Por isso da forma mais simples possível, defendo esses seres tão singelos que são os indispensáveis, para que vocês não cometam o erro de perdê-los ou magoá-los e pra que prestem mais atenção neles ou mesmo pra saber se você mesmo não é um... Cuide, ame, importe-se, ligue de vez em quando, escreva uma carta, diga uma palavra de afeição, mostre para todos aqueles que você sabe que são indispensáveis, mas que você nunca soube dar o devido valor, o quanto eles realmente representam em sua vida, pois para o resto do mundo pode ser que esse alguém não represente nada mas pra você... ah... como entender os indispensáveis? São por isso também indescritíveis, inexplicavelmente insubistituíveis!!!